DA DESCOBERTA DA LINGUAGEM DA DESCOBERTA

Esta DIZORDEM de Alisson Damasceno me traz à lembrança uma frase do filósofo Herbert Marcuse, um dos heróis da contracultura sessentista, que hoje já ninguém mais lê: “A arte em sentido extremo fala a linguagem da descoberta”. Alisson é um dos mais bem preparados e inquietos artistas do novo cenário belo-horizontino, e disso dão mostras o seu empenho em conhecer por dentro a infraestrutura de diferentes signagens (a videoarte, a instalação, a pintura, a performance, a fotografia) e a sua entrega apaixonada a esse “extremo” que, em termos marcusianos, nos contaria, todo o tempo, sobre os elementos que constituem o processo de criação do mundo sensível que definimos como arte. O artista de DIZORDEM reivindica para a obra de arte um papel arriscado: o de, mais que apenas pensar um determinado processo,  permita a esse processo falar. O que significa que nada, em tais obras, está pronto “e acabado”. Tudo, nelas, alude à precariedade e à instabilidade – metáforas sobre a condição da arte no “mundo administrado” e, ao mesmo tempo, sobre o estado atual do mundo. E se é verdade que vivemos numa época em que todo equilíbrio é precário, como parecem nos dizer as coisas-artes de Alisson Damasceno, contemplá-las será participar – ativamente – de sua contínua elaboração, vale dizer, de sua lenta escavação para o alto, numa espécie de metarreflexão (isso que é uma das funções da poesia), ou será só testemunhar, incapaz de reação, o seu iminente desabamento. Que estas minhas palavras não deixem dúvidas quanto à satisfação que me trouxe o convite desse artista tão promissor para conversar com os seus muito bem urdidos processos de descoberta da linguagem da descoberta.

Ricardo Aleixo – poeta e pesquisador das poéticas intermídia

DA DESCOBERTA DA LINGUAGEM DA DESCOBERTA

Esta DIZORDEM de Alisson Damasceno me traz à lembrança uma frase do filósofo Herbert Marcuse, um dos heróis da contracultura sessentista, que hoje já ninguém mais lê: “A arte em sentido extremo fala a linguagem da descoberta”. Alisson é um dos mais bem preparados e inquietos artistas do novo cenário belo-horizontino, e disso dão mostras o seu empenho em conhecer por dentro a infraestrutura de diferentes signagens (a videoarte, a instalação, a pintura, a performance, a fotografia) e a sua entrega apaixonada a esse “extremo” que, em termos marcusianos, nos contaria, todo o tempo, sobre os elementos que constituem o processo de criação do mundo sensível que definimos como arte. O artista de DIZORDEM reivindica para a obra de arte um papel arriscado: o de, mais que apenas pensar um determinado processo,  permita a esse processo falar. O que significa que nada, em tais obras, está pronto “e acabado”. Tudo, nelas, alude à precariedade e à instabilidade – metáforas sobre a condição da arte no “mundo administrado” e, ao mesmo tempo, sobre o estado atual do mundo. E se é verdade que vivemos numa época em que todo equilíbrio é precário, como parecem nos dizer as coisas-artes de Alisson Damasceno, contemplá-las será participar – ativamente – de sua contínua elaboração, vale dizer, de sua lenta escavação para o alto, numa espécie de metarreflexão (isso que é uma das funções da poesia), ou será só testemunhar, incapaz de reação, o seu iminente desabamento. Que estas minhas palavras não deixem dúvidas quanto à satisfação que me trouxe o convite desse artista tão promissor para conversar com os seus muito bem urdidos processos de descoberta da linguagem da descoberta.

 

Ricardo Aleixo – poeta e pesquisador das poéticas intermídia

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